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29 de abril de 2012

FLOR AUSENTE


Nei Duclós

Não tenho outro jeito senão te querer, flor ausente do amanhecer.

A rede caiu bem no meio do verso. O que diria, se estivesses perto?

O amor sem motivo é um mistério para ti. Não para quem te ama, colibri.

Te apegas ao que parece ser amor, teus objetos de carinho. Mas o amor está no inverno, não no cobertor.

Agradeces o amor que não entendes. Isso nunca te entendi.

Porque demora te desesperas. Tenha pressa apenas de ser o que te faz inteira.

Fui acordado pelo espelho. Lá eu vi tua imagem, beleza em sonho.

Passei por aqui, a noite me aconselha. Ela fala pelo silêncio, jóia do Tempo.

Não sei o que pretendes. Melhor dizer logo ou então me deixe.

Você finge que dorme enquanto coloco o quarto de pernas para o ar. Só acordas com um beijo, que nego por precaução. Se cedo, acabo ficando o dia todo embaixo do lençol.

Estou de saída, disse ela. Sou para onde vais, disse ele.


FAZ DE CONTA

Sei que estás ocupada, mas faz de conta que é domingo à tarde.

Quando toca o telefone nunca é você, mas a emergência diante do meu enfarte.

Quando não me respondes volto para debaixo da cama.

Quando estás on line meu coração navega.

Meia noite agora! O tempo, maçã partida ao meio.


PANTANEIRA

Deixo para vocês a glória da estátua e dos livros de capa dura. Eu aprendo com a pétala da flor pantaneira, duro algumas horas.


RETORNO – Imagem desta edição:  Keeley Hazell.