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28 de março de 2012
SENTIMENTO
Nei Duclós
Quando não sabes o que dizer, és como sempre: puro sentimento.
O dia piorou quando o amor perdido não fez mais efeito.
Medo de te esperar numa estação e você descer em outra.
Não faço coleções. Jogo fora os catálogos. O dia ensina que tudo começa sempre do nada.
Não preste atenção nas fotos do dia. Vais acabar encontrando meu coração surrado numa rua de insurreições aos berros.
Achei que o importante era o sentimento. Não é. O importante é ela. O amor vai a reboque
Sou teu cinema. Me filma, açucena.
És uma voz. Sem te ouvir, não te acho.
Vai ficar de castigo até reencontrar o anjo que te soprava maravilhas. Como você deixou escapar aquela voz? ela disse. Você me deixou, disse o Solidão.
Nunca te soprei nada, disse o anjo. Sou ágrafo, não aprendi a ler. Eu queria impressioná-la, falou ele. Agora fica difícil dizer a verdade.
Não preste atenção nas fotos do dia. Vais acabar encontrando meu coração surrado numa rua de insurreições aos berros.
Achei que o importante era o sentimento. Não é. O importante é ela. O amor vai a reboque.
Você não me escreve mais, ela me disse. Pareces letra de forma.
O amor sobrevive ao silêncio, à dúvida, ao balanço? Ao que um dia foi entrega e hoje é pânico?
Lembra quando nos dávamos as mãos? ela disse. Agora vais indo em frente como se não fosses meu. Parece o tempo em que decretaram o fim da dança de rosto coladinho.
Virei de vez em quando. Deixo tua ausência em meu lugar.
CULTURA
Falando de cultura, não de pessoas, saudade é um conceito analógico. Na era digital, dos tempos simultâneos, chega de saudade.
RETORNO - Imagem desta edição: Adrianne Palickikw.
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