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19 de janeiro de 2012
AMOR A DISTÂNCIA
Nei Duclós
Já não pertenço a essa dor de estar a prêmio
Procurado pelos proprietários do escândalo
Sou pintor de jardim cultivado no pântano
Carpinteiro de cenas esquecidas no ermo
Fui jogado no poço como um balde de sonho
De lá emito a claridade chamada abandono
Viajo pelo mar imóvel que trinca o azulejo
E afogo o horizonte desenhado de duendes
Essa casa onde moro varrendo lembranças
É a mesma que me viu nascer, entre flores
E que me açula o verbo de corpos na cama
É uma espécie de limbo molhado de flâmulas
Que vibram no ar como acenos sonâmbulos
Espirais no deserto de um amor a distância
RETORNO – Imagem desta edição: cena de Limite, filme de Mario Peixoto.
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