Blog de Nei Duclós. Jornalismo. Poesia. Literatura. Televisão. Cinema. Crítica. Livros. Cultura. Política. Esportes. História.
Páginas
▼
20 de dezembro de 2011
VIAJANTE
Nei Duclós
Te vi de relance. O suficiente para notar aquele sinal visível no decote. Pirei ali mesmo, te imaginando em outra. Mas estavas só, viajante
Nunca é a mesma coisa. No ano passado nem sabias da minha existência. Hoje me ignoras, o que é diferente
Passarei a pão e água na ultima cabana antes do deserto. Desertarei de exércitos famintos. Saberei a pó, pastora, mas chegarei a tempo
O amor me cansa, por isso me decidi por outra coisa, disse a confidente. Hoje colho conchas em praias detonadas para fazer um colar de sonhos
Sua fórmula é conhecida, disse o estudioso. São palavras com eco de quando em quando, para seduzir pelo ouvido. Aprendi com as sereias, admiti
Trocamos imagens sedutoras, de notoriedades intensas. Mas é só implicância. Gostamos mesmo é da nossa imperfeição extrema
Balanço do ano: te amo. Amor é quando você me balança
Estou sempre no mesmo lugar à tua espera.Um dia te pego,disse o Tempo. Deixe primeiro passar a caravana,peço.Tenho um particular com a deusa
O amor sussurrou por um segundo e foi além da conta: todos os pássaros subitamente levantaram vôo no meu coração liberto
Tudo é teu, dona. Me tens porque sei o quanto sonha teu corpo com o meu
Sei que te irrito, não consigo evitar. Pode me matar, mas me leva contigo
Escancarar o íntimo é tirar dele toda a intimidade. Resguarde e fale por fábulas, metáforas, parábolas. Use todo o acervo da linguagem
Sou tua propriedade, meu segredo. O amor cercou com muro alto de granito. Lá há um jardim aberto para o sem fim
Mudaste meu coração, ela me disse. Agora não sei se é meu e onde coloco. Em nenhum lugar cabe, a não ser no teu
Tem sido intenso para mim, ela me disse. Fui jogada onde não digo. Venha me ver, se é que tens a pista
Ela deu um tempo no limbo onde vive. De lá de vez em quando joga uma seta de Cupido. Aguenta coração, essa ferida
Sangra o mote da paixão no papel em branco. Espontâneo, o poema se escreve. É ela, pegando da minha mão
Sabes ser musa, meu mistério. Não gastas à toa teus poderes. Viras as costas enquanto adivinho. Acho que ris, mas choras, doçura da minha hora
Tua mensagem me sustenta por anos. Mas só dois dias eu agüento, meu encanto. Me escreva de novo
Estou pensando em ti, depois me mando para outras paragens da lembrança em rede. Todas com tua imagem, sempre
RETORNO – Imagem desta edição: Jane Russell
Nenhum comentário:
Postar um comentário