Blog de Nei Duclós. Jornalismo. Poesia. Literatura. Televisão. Cinema. Crítica. Livros. Cultura. Política. Esportes. História.
Páginas
▼
17 de dezembro de 2011
LANCE DE ESGRIMA
Nei Duclós
Não digo seu nome. A não ser no momento certo, aos gritos
Você me pergunta, eu respondo. Passei no teste? Você silencia. Então apago a luz e me aprovo à revelia, mas com teu consentimento
Quando estou distraído, você me atinge com um lance de esgrima. Sem proteção, acuso o golpe. Você ri, bandida
Musa é excesso de poesia. Sopro, inundação. Não se economiza musa. Amor é abuso
Falo tudo entre nós como se você fosse outra pessoa. Assim nos preservamos e fazemos amor enquanto a praça está cheia
Deixe de ficar amuada, venha ver o corso, disseram para a guria. Tem príncipe? ela pergunta. Só se tiver príncipe
Encilhei o cavalo na noite alta sem estrelas e passei por tua janela para te pegar. Mas já estavas grudada em mim, neblina
O dia prometia calor intenso. No quiosque, pedimos dois momentos de amor. Serviu-nos a providência. Eros nos expulsou para o apartamento
Chega de ler poesia, disse o patriarca. Desse jeito seremos vitimas de enchente
Tenho medo quando enfim me respondes. Posso estragar tudo. Nem devo ficar em silêncio. Então ameaço fazer um gesto e tropeço, delícia
Peço ajuda do anjo. Tenho antecedentes, ele dá uma força. A palavra brilha e te segura pelos ombros. Consegues chorar, flor do campo
Curto sua imagem, em reconhecimento pelo que me dás. É pouco, mas viajo junto. Acabo fazendo parte dos teus momentos
Vou partir para a terra do crepúsculo. Vá me visitar. Vire uma nuvem
Refaço o rumo, ou esclareço a trilha quando acendes a luz. A que trazes de ti, íntima música
Uma vez por dia, como a estrela guia. Que, como Dalva ou Vésper, são no fundo duas. Fadas entre luz e sombra nas passagens súbitas
Três palavras e está encerrada a visita.Faço delas um navio para cruzar o Atlântico.Viro capitão desse navio de sonho, movido pela lembrança
Cansei com o que fazem do sentimento. Embrulham no balcão e jogam as criaturas no limbo. Prefiro a secura da tua dúvida, amor invisível
Foi só puxar esse paninho que te cobre, floresta
Cansei de sonhar, ela me disse. Vou mudar de estação. Estou saudosa do mundo real. Pode ir, falei. Leva essa porção inútil de coração
Passou muito tempo fora, disse o Poeta chefe. Perdemos quorum. Volte logo e produza choro. Estou feliz demais para isso, disse o funcionário
RETORNO – Imagem desta edição: Vera Miles
Nenhum comentário:
Postar um comentário