Blog de Nei Duclós. Jornalismo. Poesia. Literatura. Televisão. Cinema. Crítica. Livros. Cultura. Política. Esportes. História.
Páginas
▼
2 de dezembro de 2011
AMOR QUE JÁ ESTAVA AQUI
Nei Duclós
Já estava escrito. Só pode ser isso. Por isso calas enquanto insisto em captar o impossível, algo que diga desse amor sem sentido. Enquanto me esforço em decifrar esse enigma que é pura maravilha
Sou teu, como o clima submisso aos ditames misteriosos da primavera
Me escutas e isso é tudo por enquanto. Me habitas, flor da minha fantasia
Faço versos desesperados pela tua ausência. Mas basta um aceno e fico sereno como o sol depois da chuva
Ao romper o silêncio me deixas além da felicidade. Levo tuas palavras, poucas, decisivas, grudadas em mim
Preciso de ti como o estuário a fonte. Como poderei ser teu se não brota do alto do teu encanto a água que me alimenta?
Quando terei novamente a alegria de receber um alô? Saber um pouco mais de você? Estou no cais e o vento sopra teu nome
Posso ter esperança desse toque enfim que supera toda fala?
E se eu falo que sinto teu toque, é fato? Mulher deliciosa e profunda.
Se você se sente tocada, eu te toquei? E se eu te tocar, morrerei?
O tesouro que nenhum ladrão leva é o sentimento. Misterioso, arrebatador. Eu costumava ficar surdo. Agora escuto.O que me diz o coração?
Por que você me emociona? Porque trabalha o SIM de maneira tão perfeita que me põe de cama numa sessão de suave sonho
Um sim prudente, espaçado, que poderia me matar aos poucos de emoção e expectativa, mas apenas me mantém vivo
Adorada inteligência, bela criatura. Sou o mar que cerca, amorosamente, tua ilha. Banhe-se nas ondas, nua. Fecho os olhos para melhor te sentir
Seria perfeito viver sem a beleza. Todo desamor estaria em casa. E sonharíamos apenas com pedreiras. Só uma flor resistiria por força do poema
De repente fiquei livre para o sonho. Fantasiei a aventura de ver nua tua alma sem delicadezas. Eras tu,flor da impureza, mulher que eu amo
Onde estiveres, liberta, serei teu laço, na certa. Onde disseres: te quero
RETORNO - Imagem: obra de Charles Amable Lenoir
Nenhum comentário:
Postar um comentário