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18 de setembro de 2011
HERANÇA
Nei Duclós
Estou só neste ermo em que sou vago
e apascento o resto da minha herança
ponho roupa surrada, cuido o gado
e só contigo divido o meu estrago
Para tantos que me escrevem e sou grato
acuso recebimento de lembranças
alimento o reservado que me encanta
cartas de zelo e sóbrio pagamento
Porque perdi em negócios e confiança
depositada em cofres sem cuidados
por mais que me acenasses com reclames
acabei cultivando o meu naufrágio
Usas trança, apesar de estar no mato
porque assim te pedi em casamento
e manténs o acordo dando trato
a cada passo apesar do meu lamento
Pudera saber o quanto sei agora
e se revela como luz na manhã clara
a certeza do amor guardando o campo
e o timbre da tua luz forrando a sala
Mas como aprendo só depois do choro
de todo o trigo colhido por tormenta
o que fica são teus olhos, minha pastora
a única riqueza que contemplo
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Milliet.
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