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3 de agosto de 2011

Nei Duclós

Agosto trouxe palavras de todos os cantos,
que se aninharam em espaços incomuns,
entre o quintal e o horizonte

O vento não tinha nada para carregar.
Virei âncora. A não ser a alma, vela inflada
de olho no exagero das ondas

O vento veio pedir comida em minha porta.
Estava acompanhado de uma gang de redemoinhos.
Dei-lhes uns quilos de fubá, que eles jogaram no mar

Fomos para o canto fugir do vento,mas ele nos alcançou.
Tomou nossos brinquedos e nos ameaçou.
Por isso saímos a esmo,pelo campo afora

Viver o momento é como tentar capturar o pulo da rã.
Vivemos o que passou e um dia foi futuro.
O presente é a verdadeira impossibilidade

Carreguei meu pequeno caminhão de areia.
Pus no meio algumas pedras, surrupiadas da rua.
O peso era tanto que a roda de plástico quebrou

Meu olho resolveu comer palavras.
Nem é para alimento. É gula mesmo,
vontade de esconder o que enxerga

Tanto o vento varreu o céu de inverno
que nada restou a não ser restinhos
de uma nascente Lua Nova


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