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11 de junho de 2011

AMOR DE VÉSPERA




Nei Duclós


E se fosse teu aniversário
sem que eu soubesse?
Um bafo vadio apaga
a última janela
no inverno precoce
que exige japonas
enquanto as memórias
do verão recente vira
rosas em cova de neve

E haveria bolo entregue
no subúrbio, uma van
lotada de frios, refletindo
sobras, ruínas de edifícios
e passantes na trilha
de badulaques
em galpões desertos
E fosse chuva na fera
do teu rosto em festa

Não faria sentido parabéns
na praça antes que o amor
batesse de frente
como carroça num trem
Sem o rolo que veio depois
na tocaia do trovão
em rua de granizo
quando a colheita
azeitou armadilhas

E sem saber de nada
fosse o dia do abraço
de ir a ti por um acaso
Tu, posta nas nuvens
em queda como brilho
de pele batizada de mar
E meu sopro na vela
ignorada, não escrita,
nesse nada que nos dita

Data do encontro
véspera de primavera
de esperas, desenlaces
desfechos, guias, farras
em tardes sem validade
pois só importa o visgo
e as pistas do nosso faro
Alguns fatos, som no bairro
e minhas mãos em teu vestido



RETORNO - Imagem desta edição: Bailarina, de Degas.

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