Nei Duclós
uma romã jamais amadurece
assim como o amor, seu lado avesso
colho no quintal a fruta seca
não há rubor na pele verde
sorvo um sabor inexistente
perco para sempre o que não cresce
folhas novas em arbusto incerto
galhos tortos antes do tempo
da mesma forma que o soneto
poema engessado na fratura
a doçura não vem se não há sopro
falta ao coração o mesmo treino
que uma planta possui como um braço
ambos perdem porque se esquecem
RETORNO -
Imagem desta edição: Lua Sopra o Tempo,obra de Ricky Bols.
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