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28 de outubro de 2010
CÉU SUSPEITO
Nei Duclós
Nem vi passar a lua cheia.
Foi meu coração distraído,
como ausência na estréia.
Foi meu solo inaudível
diante da platéia
Nem cheguei perto da estrela.
Foi meu sonho vazio
insistindo na areia.
Foi o riso do sol
ao sujar a sarjeta
Não notei o teu rosto
repartido em peças.
Nas vitrines que a rua
exibe e tropeça.
Refletindo o suspeito
céu de primavera
Acabei pertinho
Do teu corpo perfeito
Banhado em luar
Como antiga promessa
Como lugar comum
De um poema com pressa
Fui dispensado
Da aventura doméstica
Abracei a surpresa
Que rompe a janela
Virei trovador
Por um prato de aveia
Agora pertenço
à tua dança do ventre
Pendure no alpendre
A mais longa meia
Espere um presente
O momento da entrega
RETORNO - Imagem desta edição: Mulher, obra de Ricky Bols.
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