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24 de setembro de 2010

HORA DE DESCER A SERRA


A candidata do governo, Dilma Roussef, está caindo vagarosamente nas pesquisas depois das reportagens que denunciaram um esquema criminoso na Casa Civil, que era capitaneada por sua amiga. É o sinal de que os institutos de pesquisa, especialmente os multinacionais, estão preocupados com a própria credibilidade e resolveram expressar um pouco o que acontece realmente na vontade do eleitorado brasileiro.

Vemos assim algum esvaziamento dessa candidatura, inflada pelo poder de maneira explícita e desavergonhada. “O presidente Lula quer falar com você” dizia uma gravação ao telefone, o que deve ser ilegal, mas como não entendo nada de leis, então fica assim. Mas o que preciso destacar aqui, neste momento em que a candidatura começa a descer a serra, são os motivos que me levam a não votar na senhora, dona Dilma.

Não sou dos que condenam seu passado, já que toda pessoa longeva tem pelo menos um esqueleto no armário. Não considero relevante ter abraçado o que eu recusei na minha juventude, entrar para a guerrilha, já que sempre tive medo de armas, pois convivi com elas no longo período em que morei na minha casa paterna, onde sobrava cartucheira de caça (só de caça, bem entendido). Na época, também discordei daquela saída desesperada, pois não tínhamos condições de enfrentar um exército treinado e armado e com poder total. Preferi a via pacífica de resistência, que no final foi desvirtuada e desaguou na realidade onde a senhora se dá tão bem.

Também não a condeno por ser despreparada, pois nesta altura do campeonato perdemos a pista da grandeza nas pessoas do Brasil. Fomos sucateados de maneira tão intensa que não temos mais um estadista de peso. Pessoas absolutamente comuns e corriqueiras como a senhora podem até ter a chance de crescer no cargo, mas isso não vem ao caso. Sua desastrada performance pessoal e política é encontrada na maioria dos candidatos e não é motivo suficiente para eliminar o vínculo criado entre um eleitorado crédulo e a liderança canalha que a inspira, que usou as lutas populares para tentar se perpetuar no poder.

Não implico também com sua voz irritante, sua insegurança profissional na hora de completar uma frase. A falta de articulação do discurso, fruto da sua ignorância em todos os assuntos, principalmente a linguagem, tem sido a tônica da política atual da ditadura brasileira, essa tirania que se instalou em 1964 e se legitimou em 1985 com o arreglo do governo Sarney, e que mostrou mais uma vez sua face ruim a partir das pesquisas compradas, do marketing milionário,do sistema político engessado e da política econômica de arrocho e anti-soberania. Estamos acostumados ao tatibitati dos políticos, por que seu perfil deveria ser motivo suficiente para não votar na senhora?

Outra argumentação poderosa é a suspeita que a senhora estaria ligada a um esquema criminoso, como o denunciado na Casa Civil. Sabemos que, para um orçamento do tamanho do Brasil, 200 mil reais na gaveta de um assessor recém contratado é troco. Quantos bilhões não passam pelas contas de quem detém o dinheiro do cofre? Nenhum, se formos nos basear nas decisões judiciais, que deixam livres quase todos (senão todos) os meliantes, da esquerda ou da direita. Como nem a Procuradoria Geral da República, que denunciou a gang do mensalão, pode qualquer coisa, quem somos nós para lançar lama nas biografias tão imputadas (ou algo assim)?

Nada disso é motivo pra eu não votar na senhora, dona Dilma. Nem mesmo a perspectiva de ter sua pessoa execrável em primeiro plano todos os dias das nossas vidas, pelo menos nos próximos quatro anos. Acordar e dormir sob o seu tacão será um pesadelo, mas não por sua causa, mas pelo que a senhora significa, pelo que sua candidatura encarna, pela leitura que pode ser feita da sua ousadia de querer ocupar a presidência.

E ela significa, como a senhora mesmo diz em todos os momentos, o continuísmo do poder adquirido pelo seu guru, o bobalhão que fez da política internacional uma happy hour de botequim e que nos brinda com sua arenga diária contra a imprensa, os diplomas, os livros, os princípios. Que aumentou a dívida pública de 647 bilhões de reais para 1 trilhão 700 bilhões. Que mente sobre a dívida externa, atualmente em 238 bilhões. Que aumentou as despesas com o gabinete da presidência em 712% entre 2003 e 2009.Que nomeou 168 mil pessoas para cargos de comissão no seu Governo. Que gastou 56 bilhões de reais nesse período com propagandas com o slogan Brasil para Todos. Que compromete aproximadamente 26% da arrecadação bruta do país com o pagamento de juros (Selic) para rolagem da dívida.

Ainda ter de aturar um clone de semelhante contrafação é pior do que uma ameaça, é uma humilhação. Será humilhante ter a senhora na presidência, dona Dilma, pois será uma prova de que não temos mais forças para enfrentar a destruição do país. Será ridículo e perigoso. Teremos de conviver com a mordaça e fatalmente com a corrupção. E com seu ar triunfalista, de que o Mal pode vencer qualquer coisa, principalmente o Brasil que tanto amamos e que nos decepciona quando pessoas como a senhora ganham grande destaque sem merecer. Sua presença perniciosa entre as novas gerações já é motivo suficiente para eu jogar meu voto para longe do seu nome.

Torço, sinceramente, que a senhora perca as eleições. E que comece de vez a despencar da serra, lugar que jamais deveria ter ocupado.

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