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28 de julho de 2010
RESPEITO
Nei Duclós (*)
Professor não manda mais nada em sala de aula, dizem reportagens sobre situações limite por todo canto do país. São desrespeitados, agredidos e às vezes assassinados. Há o argumento de que se trata de exceções, mas os casos repetidos mostram a chamada alunocracia impondo a algazarra, a dispersão e a falta absoluta de aprendizado. Testemunhos revelam que, em muitos casos, o tráfico se instalou dentro da escola. Não há nada a temer: ninguém é punido ou sofre reprovação e o analfabetismo continua. Ir ao colégio parece ser uma atividade restrita à merenda escolar e a um encontro social. Livros, cadernos, tarefas, comportamentos, tudo faz parte do passado.
O que há de verdade ou exagero nesse quadro ameaçador? O fato é que entre 2001 e 2008 o número de professores das redes municipais e estaduais diminuiu cerca de 50%, segundo o Centro de Pesquisas Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora. Casos bem sucedidos de municípios modelo em educação não apagam do quadro o temor de que o país perdeu o controle sobre a formação das novas gerações.
Essa política suicida teria um motivo, segundo algumas análises, a de que a violência e o despreparo são gerados pela desconstrução da educação tradicional, onde a má remuneração dos professores ocupa o palco principal. Métodos clássicos de ensino não deveriam ser simplesmente abandonados. No lado oposto, o discurso de justificativas entroniza a palavra democracia como panacéia. Esquecem que as atividades humanas são regidas pela dialética básica.
Não pode haver progresso se os novos enfoques se cristalizam e viram paradigmas irremovíveis. Não pode haver respeito se for erradicada sua fonte, a autoridade e a hierarquia. Elas surgiram da necessidade de ordenar o caos, para solucionar conflitos em sociedades tradicionais. A disciplina se formatou porque era preciso, não porque as gerações passadas fossem perversas. Parece estranho, mas antigamente as pessoas também pensavam.
A liberdade humana não é espontânea, ela precisa ser criada. Sem os instrumentos básicos, onde entram com força a alfabetização e o respeito aos mais velhos, não é possível ser livre. Sem disciplina há submissão a todos os eventos, principalmente crimes. É preciso que se diga isso, fora dos limites ideológicos. Nada substitui o bom senso, aquele equilíbrio que consegue superar a insânia e o sofrimento.
RETORNO - Crônica publicada no dia 27 de julho de 2010 no caderno Variedades, do Diário Catarinense. 2. Imagem desta edição: tirei daqui.
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