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27 de maio de 2010
SELVAGEM
Nei Duclós
Fui Rocinante, pedra e caminho
Depois Quixote contra moinho
Hoje governo ilha e Cervantes
Herdei o elmo, herdei o estribo
Herdei os livros fora da estante
Tinta em papéis sujos de trigo
No escudo, gamela de cobre
Vejo a aventura fora de linha
Do sonho migrei para o aviso
Fui escudeiro de antigo nobre
Palavras jogadas no alforge
Memórias de vencida lógica
Visito a sala onde a loucura
Era o espelho do amor perdido
Fantasmas em eterna fuga
No meu lombo louca linhagem
Bronze feito de pergaminho
Esguia fronte, triste figura
Fui viajante, virei raízes
Voltei ao cardo e ao espinho
Provei da selvagem literatura
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