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18 de março de 2010

UM PAÍS DE ALUCINADOS


Todo mundo sabe o que é a política brasileira hoje. Deveríamos sair às ruas para exigir um novo sistema de representatividade . O voto da capital tem muito menos valor do que o do grotão, é por isso que temos senadores com dois votos aos montes, enquanto candidatos cheio de eleitores são barrados. Deveríamos sair às ruas para impedir que quadros corruptos usassem as artimanhas da lei para se reeleger indefinidamente. Pois como pode o sujeito ser defenestrado por acusações de desvio do dinheiro público e depois ser tratado como grande autoridade nas CPIs da vida? Deveríamos fazer muita coisa, mas, ao contrário, vendemos nossa força de trabalho para segurar bandeiras ou fazer passeatas a favor dos candidatos sinistros impostos goela abaixo.

Estamos um país de alucinados. A ahuasca, droga poderosa retirada de um cipó amazônico, que causa alucinações e gera a certeza de que fantasmagorias são reais, é considerado patrimônio do país, graças à intervenção dos bebedores da gororoba guindados ao poder. Dão o troço até para criancinhas. O presidente sai pelo mundo a dizer sandices, com o apoio e o beneplácito de legiões de admiradores, ministros, empresários, líderes sindicais, militantes. A aprovação do governo chega perto dos 200 por cento nos institutos de pesquisa de opinião (sempre eles, desde sempre), o que permite um contingente de apoio de inhapa, talvez para as próximas encarnações.

As Ongs se dedicam a “proteger” a floresta e armam um poderoso sistema de intervenção em territórios brasileiros potencialmente considerados área de interesse internacional. Japoneses registram o veneno da jararaca enquanto perdemos as batalhas das patentes das plantas da selva. Ongs, religiosidades alucinadas, tráfico de drogas, compra em massa de terras, grilagem de territórios devolutos: tudo cabe na conjunção de ensandecimento, em que se organizam passeatas para garantir royalties do pré-sal, um troço que está a sete mil metros de profundidade e ainda não se dispõe de tecnologia segura para a extração.

Brigamos por ilusões, mas os tiros dados no coração das pessoas envolvidas pela loucura são reais e causam estragos em famílias, comunidades e sociedade em geral. Como não existem políticas públicas de apoio, tudo fica na mão de Ongs e de voluntarismos inconsequentes. Como alguém pode achar que é sacerdote e pitonizo de uma nova era e se dispõe a curar surto psicótico, que é uma epidemia séria que precisa de tratamento adequado da medicina? Na literatura, vemos autores elegendo casos íntimos a grandes cases de resultados, já que as editoras, com raras exceções, embarcam em todo tipo de sandice, menos a de programar a publicação de escritores sérios que explodem em gavetas lotadas?

Jogadores de futebol se apaixonam por travecos de vozinha afetada, participam de festas com gangs armadas, compram motos para traficantes. Na véspera da Copa do Mundo, o país sem soberania, sem grandeza e mergulhada num festival de idiotias exibe os cabelinhos amarrados de estrelas da bola sem nada na cabeça. São estimulados pela mídia monopolista e ridícula, que não faz reportagens, apenas exibe uma série de eventos frescos, transformando os jogos num bate bola de sacadinhas espertas. Mientras tanto, aumenta o número de times fake, desvinculados de clubes, na mão de empresas, coisa que foi proibida na época do Brasil soberano, quando até o Renner (originalmente, marca do comércio de roupas) gaúcho dançou, mesmo tendo sido campeão estadual.

É que a loucura é plantada, o ensandecimento dá lucro para meia dúzia, a gandaia é divertida para quem vive à custa do suor público. Prostituição, frescurada, miséria, assassinatos: quem quer comprar o Brasil a não ser os piratas internacionais, de olho no nosso patrimônio, ou o que resta dele, dos recursos que ainda possuímos? Dispensam a nós, o povo, porque de nós já cuidaram: transformaram todo mundo em zumbis a serviço do Mal.

A candidata a presidente Marina Silva se identificou com os na´vis, os habitantes da floresta de Avatar, filme de James Cameron, que virá junto com o gigolô do aquecimento global, Al Gore, para um evento na Amazônia neste mês. Não quero ser implicante nem faltar o respeito com ninguém, mas o fato é que os na´vis do filme tem focinho de fera e um longo rabo. Nada a acrescentar.

RETORNO - 1. Imagem desta edição: Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura. 2. A propósito: "Nova novela de Manoel Carlos mostra o submundo do Leblon", segundo Renzo Mora. Um texto antológico.

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