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11 de setembro de 2009
A DITADURA AVANÇA
O Senado adiou para terça-feira, dia 15 de setembro de 2009, a votação sobre a censura à internet. Foi uma manobra estranha denunciada pelos próprios senadores interessados em mudar as determinações do projeto. De repente, não tinha nem os relatores para levar adiante os trabalhos. Estarão ganhando tempo num assunto complicado? É só a cabecinha: não permite que se faça propaganda em sites e blogs que não sejam pessoais. Parece justo (deixa livre os espaços pessoais) , mas é uma tremenda sacanagem. Não tem ombro, como se diz na fronteira. Primeiro, porque enfim inaugura a censura na rede. Segundo, porque é injusto com os pequenos partidos, que não terão plena força na Internet para peitar o poderio dos grandes partidos bem instalados nas televisões.
Pois em outra decisão sacana do novo pacote, as TVs poderão escolher os candidatos que bem entenderem para os debates. Ficam desobrigados de chamar os nanicos, os marginalizados pelas pesquisas (isentas, como todos sabem). Fora dos debates, os pequenos não contarão com a força institucional dos seus partidos atuando na rede, e serão pulverizados em espaços virtuais pessoais. Uma dúvida: este blog, por exemplo, que não leva meu nome, só na identificação do perfil, e que se chama Outubro e abriga um jornal, o Diário da Fonte, poderá fazer propaganda eleitoral? Não que eu queira fazer, mas preciso da liberdade.
A ditadura avança em todos os níveis e nichos. Quando o Supremo está decidindo pela extradição do assassino italiano, de repente se pediu vistas do processo, ou seja, o veredito foi também adiado. Nesse ínterim (como diziam os gibis antigos) o ministro da Justiça vem ameaçar o Judiciário dizendo que, se o Supremo for contra o asilo político para o cara que matou quatro na Italia, foi julgado e condenado em regime democrático, estará fulminando a lei que abriga perseguidos políticos. Ou seja, o ministro da Justiça quer legislar em cima do Judiciário!
Tem mais. O ministro Guido Mantega sugeriu que o próximo presidente, seja quem for, terá de rezar pela catilha do Lula. Não foram exatamente essas as palavras, mas o ex-acadêmico e atual soberbo ministrão disse que o futuro mandatário pagará caro se mudar a política tão genial de Lula. O que significa isso? A bandidagem hoje recolhida aos cargos sairá na rua incendiando tudo se resolverem acabar com a Bolsa Família e impedirem o desvio das águas do São Francisco? Quer dizer: a votação é inutil, a eleição de um canddiato da oposição não servirá para nada, pois tudo está determinado nas Tábuas da Lei. Isso não é mais soberba, é golpe de estado. Isso é reiteração da ditadura.
Aí temos de aturar o Ciro Gomes fazendo biquinho em frente as câmaras e olhando de maneira cool, de lado, dizendo que ele é um continuismo "muderrno" do Lula, que foi só o "ponto de partida". Valha-nos Deus. Se o troglodita eleito duas vezes mentindo foi só o começo, o que nos espera? O Apocalipse? Tem mais. Dez minutos no intervalo do Jornal Nacional com a brasileira mais famosa do mundo, a Marina Silva. Como se fama adiantasse alguma coisa. Marina foi conivente por mais de cinco anos com um governo que sabemos bem quem é. O fato de ter nascido pobre, ter se alfabetizado aos 16 anos e achar que o planeta precisa ser salvo não a recomenda obrigatoriamente para o Planalto. A nova legislação vai me permitir dizer esse tipo de coisa? Ou terei que me calar?
Sinto que a canalha em geral está muito à vontade. Enquanto o país despenca na chuva, morre sob saraivada de balas, enterra suas crianças na lama, vê os idosos se endividarem, eles perdem tempo discutindo o pré-sal, ou seja, o butim a futuro, e de como irão continuar gastando 70 mil reais num curso, como aconteceu com notória senadora. Vou melhorar os preços do meu Curso de Gauchês Avançado. Vou cobrar uns cinco paus per capita. Terei que criar "diferenciais". Como tirar a faca da bota, por exemplo, e apontar para os bandidos que querem meter as patas na internet, o único lugar democrático dessa vida sem lei.
Enquanto isso, o Estadão continua sob férrea censura. Imprensa burguesa, dizem. Imprensa golpista, insistem. Censores militantes, digo eu. Abaixo a ditadura, lembram? Deu dó ver a mulher de 40 anos falando sobre a "redemocratização". Puxa, o fim do regime militar, que maravilha. O Tancredo Neves, que morreu. O Sarney, que assumiu. A Constituição cidadã, que foi retaliada. O Collor, senhor Deus! O FHC e depois...tchã tchã tchã. Que fenômeno. Quanta felicidade na Globo, que cresceu à sombra da ditadura. Fomos enganados e celebramos.
RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui.
BATE O BUMBO : JANGO VITORIOSO NA LEGALIDADE
Primeira entrevista de João Goulart como presidente em 1961, depois do movimento vitorioso da Legalidade, liderado por Leonel Brizola. Contra essa pessoa, essa lucidez, esse equilíbrio e essa simpatia foi feito 1964, regime vigente até hoje. Abaixo a ditadura!
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