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19 de junho de 2008

DITADURA MANTÉM EXÉRCITO OBSOLETO


É o melhor dos mundos para a ditadura que se escuda no conceito de democracia. Ao abandonar o Exército à própria sorte, tirar-lhe poder e recursos, deixar que seus instrumentos sejam sucateados, a ditadura financeira, globalizante e entreguista mantém as Forças Armadas sob pesado jugo, intensificado pela fidelidade de uma parte da farda ao regime de 64 (a ilusão do Brasil Grande, desperdício de sonhos e ante-sala da atual situação).

Com políticas anti-Brasil, a ditadura mantém no Exército os mesmos métodos obsoletos que acabam fazendo vítimas entre recrutas e aspirantes, e colocam os soldados para serem testas de ferro no Haiti (sob mais uma ilusão, a de que fazemos parte do jogo de cena da segurança internacional). Pior: envolveu o Exército nos negócios parlamentares na favela, onde o crime do tenente que entregou os garotos para os traficantes é apenas o resultado. Assim, a ditadura mantém o álibi perfeito de que é uma democracia, já que faz do Exército gato e sapato.

Um dos grandes feitos da ditadura é ter em suas hostes o rescaldo do movimento Diretas-já, que é a cultura política dos bem pensantes, os estadistas do Direito, os ex-torturados a reiterar o perigo que um dia corremos, sem deixar transparecer que tudo continua igual, a censura à imprensa, o assassinato de jornalistas, a corrupção, a entrega da soberania, a venda indiscriminada do território a estrangeiros, as obras no papel, as medidas provisórias, a inflação, o arrocho, a tortura, a escravidão, o império da publicidade e dos megaeventos.

Quem poderia se contrapor a uma situação estratégica de invasão estrangeira na Amazônia? O Exército, claro. Onde está o Exército? Respondendo por envolvimento no tráfico do morro da Mineira. Não é perfeito? Mas confio na instituição, nos homens de palavra que não interferiram mais na política. Quando vejo os militares com sua postura, seus uniformes, seu equilíbrio, falando para as câmaras, quando os vejo em seminários de História, defendendo o país que tanto querem destruir, quando os vejo com sua grandeza, herança de cinco séculos de luta, confio que os militares vão superar tudo isso: a ilusão de 64, o jogo bruto atual da política, a falta de condições para defender as fronteiras, a defasagem de suas instalações etc.

É pecado defender o Exército na atual maré alta do bom-mocismo correcional, o mesmo que enche as burras de dinheiro público. É pecado abordar as Forças Armadas com espírito livre, sem patriotadas, mas também sem negar a brasilidade. Vejo evento do príncipe japonês no Planalto. Um xiruzão brasileiro, com traços orientais, fala que ele, xiru, é um “súdito” da majestade japonesa. Súdito o quê, cara pálida? Tu és cidadão brasileiro. Como podes te abaixar assim para uma etnia, como se ela fosse te salvar dos nossos conflitos e nossa miséria? Como se a etnia fosse te dar a grandeza que não enxergas em nós mesmos, brasileiros de todos os quadrantes.

Era o que faltava. Temos súditos. Aproveito para perguntar: que história é essa de uma República ter tantos palácios? Palácio é para reis, não para pessoas eleitas pelo voto direto. Chega de palácios. Chega de ficar “em Palácio” como se costumava dizer. Chega de negociatas com o patrimônio nacional, como essa da Varig. Viram a boca mole do advogado? Ele fala de boca mole, escandindo as sílabas. Está com tudo e não está prosa! Mas a culpa toda é do Exército, claro. Daquela “ditadura”, a que nós “derrotamos”. Conta agora a piada do papagaio fanho. É mais recente.

RETORNO - Imagem de hoje: carga de cavalaria dos índios guaicurus.

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