Nei Duclós
A vida pergunta água
a dor responde fuligem
O cal endurece as mãos
Num corredor de gatilhos
Todo espelho se quebra
ninguém é reconhecido
O Mal não suporta a sombra
que lhe faz o seu carisma
A ligação cai no colo
O poema lança o grito
Se a fala esqueceu a boca
nossas artérias se abriram
A morte pergunta fogo
Nós respondemos abrigo
Um teto bem mais acima
Dos pés que jamais fugiram
Que não desabe a parede
Nas costas desse conflito
A vida pergunta Sérgio
Todos respondem perigo
RETORNO - 1. Este é o primeiro poema de "Canto para Sérgio Vieira de Mello", um conjunto de 23 poemas escritos logo depois do atentado contra nosso diplomata e ao longo dos funerais em três continentes. O canto faz parte do meu novo livro "Partimos de manhã".
EXTRA
O ASSASSINATO DO PRESIDENTE
Preferi postar este poema do que destacar a Folha deste domingo, que colocou na capa o assassinato do presidente João Goulart pela repressão. Nas duas pontas do crime, estrangeiros: a CIA e o espião uruguaio. No miolo, os brasileiros: Geisel e o delegado Fleury, segundo a testemunha-bomba, o agente encarcerado no Rio Grande do Sul. Antes de sair na Folha, Marlon Assef já tinha me informado, via imprensa uruguaia.
Se for comprovado, dá-se razão mais uma vez a Brizola, que já tinha cantado essa. E fica ainda mais evidente o plano de consolidar a ditadura impedindo que o presidente deposto voltasse para assumir o poder. E coloca-se uma pá de cal na obra de 1964, com todos os envolvidos dentro. Ou enterramos esse regime e seus desdobramentos, ou não seremos mais um país. A grita de Paulo Coelho contra o conferencista que disse, para a gargalhada geral em Davos, que as mulheres brasileiras levantam a saia e mostram tudo, terá chegado tarde demais. Brasil, o rabo do mundo.
P.S. Lamentável o destaque dado pela Folha a um detalhe da entrevista de Emilio Odebrecht. 99 por cento da matéria é sobre os negócios do entrevistado e sua visão sobre a situação econômica hoje. Apenas um por cento é um comentário sobre o fato de Lula não ser de esquerda, o que já é sabido e foi até assumido pelo presidente. Pois isso virou manchete. Com esse tipo de postura, os jornalistas dão munição a quem acha que o PT é perseguido na imprensa.
a dor responde fuligem
O cal endurece as mãos
Num corredor de gatilhos
Todo espelho se quebra
ninguém é reconhecido
O Mal não suporta a sombra
que lhe faz o seu carisma
A ligação cai no colo
O poema lança o grito
Se a fala esqueceu a boca
nossas artérias se abriram
A morte pergunta fogo
Nós respondemos abrigo
Um teto bem mais acima
Dos pés que jamais fugiram
Que não desabe a parede
Nas costas desse conflito
A vida pergunta Sérgio
Todos respondem perigo
RETORNO - 1. Este é o primeiro poema de "Canto para Sérgio Vieira de Mello", um conjunto de 23 poemas escritos logo depois do atentado contra nosso diplomata e ao longo dos funerais em três continentes. O canto faz parte do meu novo livro "Partimos de manhã".
EXTRA
O ASSASSINATO DO PRESIDENTE
Preferi postar este poema do que destacar a Folha deste domingo, que colocou na capa o assassinato do presidente João Goulart pela repressão. Nas duas pontas do crime, estrangeiros: a CIA e o espião uruguaio. No miolo, os brasileiros: Geisel e o delegado Fleury, segundo a testemunha-bomba, o agente encarcerado no Rio Grande do Sul. Antes de sair na Folha, Marlon Assef já tinha me informado, via imprensa uruguaia.
Se for comprovado, dá-se razão mais uma vez a Brizola, que já tinha cantado essa. E fica ainda mais evidente o plano de consolidar a ditadura impedindo que o presidente deposto voltasse para assumir o poder. E coloca-se uma pá de cal na obra de 1964, com todos os envolvidos dentro. Ou enterramos esse regime e seus desdobramentos, ou não seremos mais um país. A grita de Paulo Coelho contra o conferencista que disse, para a gargalhada geral em Davos, que as mulheres brasileiras levantam a saia e mostram tudo, terá chegado tarde demais. Brasil, o rabo do mundo.
P.S. Lamentável o destaque dado pela Folha a um detalhe da entrevista de Emilio Odebrecht. 99 por cento da matéria é sobre os negócios do entrevistado e sua visão sobre a situação econômica hoje. Apenas um por cento é um comentário sobre o fato de Lula não ser de esquerda, o que já é sabido e foi até assumido pelo presidente. Pois isso virou manchete. Com esse tipo de postura, os jornalistas dão munição a quem acha que o PT é perseguido na imprensa.
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