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6 de julho de 2007

JÓIAS DA CAIXA POSTAL




Fiquei fora de combate por duas semanas, por obra deste inverno que começou já em maio e que agora, oficializado pelo calendário, mantém a vida sob o claustro de ameaças que só dão trégua quando o sol se manifesta de maneira tímida. Há duas certezas sobre esse quadro. Uma, a de que a culpa é totalmente de quem contrai a gripe ou esses vírus mutantes que nos acometem de uma hora para outra. Ser vítima, na cultura brasileira, é ter culpa no cartório com papel passado. A outra é: mal assoma um raio de sol, todos são assaltados pela certeza de que nem houve inverno este ano. Se você, por medo e hábito, mantiver no corpo um casaco grosso, achando que o sol poderá se esconder rapidamente, prepare-se: todos se atirarão sobre você dizendo que vestir-se assim é um exagero e um despropósito. Gargalharão, os gigantes do clima, os poderosos senhores que jamais sentem frio. Desisti de entender as pessoas. Pelo menos, a maioria delas. Portanto, me fecho em copas, para prejuízo deste Diário, que ficou meio devagar nos últimos dias. Mas fui compensado pelo correio, virtual e real, que desovou algumas surpresas e cumpriu antigas promessas.


L´AMORE SCRITTO – O novo livro de Julio Monteiro Martins chega de Lucca, na Itália, trazendo “fragmentos narrativos e e contos breves sobre as várias formas em que o amor se manifesta”. Edição caprichadíssima da Besa Editrice. Diz do nosso amigo o prestigiado e importante Le Monde Diplomatique: “Julio Monteiro Martins é um fabulador pirotécnico de almas e espaços, maestro absurdo e sensual da melancolia em busca de uma eternidade”. Agora vou viajar na literatura italiana de Julio, o mais importante escritor brasileiro em atividade no Exterior.



QUANDO NEM FREUD EXPLICA, TENTE A POESIA – A Editora Francis lança a antologia poética organizada por Ulisses Tavares, que tem como mote a Frase de Freud "seja qual for o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim". A apresentação é de Flávio Gikowate e o timaço de poetas é de primeira: Ferreira Gullar, Mario Chamie, Cruz e Souza, Garcia Lorca, Fernando Pessoa, entre outros, como diz o release da editora. Estou entre os outros, com um trecho do meu poema Insônia, publicado no livro Outubro, que foi batizado pelo organizador com o título de "Desalento". Ulisses é militante da poesia há muito tempo. No you tube tem um vídeo ótimo sobre este livro.


VESTÍGIOS DO SILÊNCIO - Belo título para o mais recente livro de Marina Fagundes Coello, talentosa poeta da Academia Uruguaianense de Letras: “Se tudo passa, se transforma, ou se dissipa, é preciso guardar todo o esplendor onde nascem os versos” (pg.63). Os poemas em português são intercalados por poemas em espanhol, como este: “Asombro y calma. El arte es um ángel. Sublima fuerzas que se debaten. "(pg.27). Lançamento da Editora Age, de Porto Alegre.



BLOG DE CULTURA - Recebo este troféu das mãos de Urariano Mota e, conforme a tradição, devo apontar outros cinco blogs merecedores do prêmio. Agradeço a indicação e passo minha lista:

http://blog.cybershark.net/ida/

http://clovis.heberle.blog.uol.com.br/

http://www.fotogarrafa.com.br/

http://renatomod.blog.uol.com.br/

http://htoth.nafoto.net/


RETORNO - Releio trechos do clássico"Noticias do Brasil (1828-1829)", de R. Walsh, uma edição USP-Itatiaia. Detalhes da Guerra da Independência, que se comemora sempre a Dois de Julho, como este: ao ferver água salgada em panelas de cobre, a população conseguia o salitre para fazer pólvora e assim lutar contra os portugueses. Outro: Dom Pedro I conseguiu a adesão de Minas Gerais ao ser flagrado pelos insurrectos cavalgando sozinho, no ermo, no interior do estado. Os soldados se assombraram com a coragem do Imperador. Por aí vai. E não devemos esquecer: no dia cinco de Julho se relembram duas revoluções, a de 1922 e a de 1924. E no próximo dia 9, a de 1932.

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