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2 de abril de 2006

E LÁ VAI NOSSO CRAQUE DA CORRIDA ESPACIAL





Estava assistindo o jogo na RBS, quando o locutor interrompe para narrar a subida do astronauta brasileiro para a glória. Não foram exatamente estas palavras, mas o clima sim: "E atenção, foi dado o apito inicial, nosso craque se prepara, ele está pronto com a bandeira do Brasil no ombro, o foguete está subindo, subindo, vejam um foguete caiu, mais outro, é emocionante torcida brasileira, o Brasil chega ao espaço, faz parte da seleção mundial dos craques do espaço, vamos lá, atenção, vai entrar em órbita, é muita glória para nosso país, você que está em casa pode bater no peito". Melhor foi ainda o Gilberto Barros, na Band: "O Brasil é tão privilegiado que até em foguete espacial ocupa a janelinha". No fundo, temos a profundidade de um narrador de futebol. Sei porque vocês estão no Haiti, disse o embaixador chileno numa solenidade para o embaixador brasileiro. É para garantir que o Haiti cresça menos do que vocês. Ronaldo do Real Madri chuta e é gol do Brasil. Ronaldinho do Barcelona partiu e o Brasil faz mais um. Que maravilha. Como somos espaciais, digo especiais!

MÁGICA - E eis que, crescendo um pouco mais do que um paisinho em guerra, saltamos do décimo quinto para o undécimo lugar na economia mundial. É a mágica do dólar barato, que aqui abunda (literalmente) graças aos juros extorsivos que pagamos, à custa de mais arrocho nos impostos. A TV noticia isso sem ninguém corar de vergonha. Assim como ficamos exultantes por ter nosso programa espacial destruído, e passarmos por cima do fato, como notou o cientista Rogério Mourão na Folha, de que nosso astronauta ficou oito anos esperando porque não cumprimos nosso compromisso de fabricar peças para a estação orbital. E por isso tivemos que pagar dez milhões de dólares pela carona, já que a viagem sairia de graça se cumpríssemos o que estava combinado. O maior desplante é chamar isso de comemoração do centenário de Santos Dumont. Pobre Santos Dumont. Brasileiro, tinha certeza de que o homem podia voar. Conseguiu arrancar o mais pesado do ar do chão, diante da civlização em Paris, mas foi tungado pelos espertos irmãos Wrong, que tinham inventado apenas o jeito de o avião, inventado por Dumont, poder fazer manobras. Dumont queria o avião disseminado por todos, por isso nem patenteou o invento, que foi usada primeiro para a guerra.

ARA - Essa expressão, "ara", é típica para expressar desconfiança e indiferença. Já foi muito usada, hoje não sei. Homem voa? Ara, pára com isso! Veja, voou! Mas a invenção não é tua, é dos americanos. Ara. Imaginem que os gringos iam deixar essa barato. Foi por isso que a Remington, que fabricava armas, quando recebeu ao descrição do invento da maquina de escrever, de um brasileiro, imediatamente patenteou o invento. Sem falar que Marconi veio aqui deslumbrar os índios com um invento do padre Landel de Moura, do Rio Grande do Sul, sobre o uso das ondas herzianas. Ara.

RETORNO - 1. Primorosa crônica hoje, domingo, de Urariano Mota no La Insígnia, sobre um jogo de futebol na infância. Imperdível.

2. José Onofre, autor do melhor romance policial brasileiro, Sobra de guerra, dá um sinal agradecendo minha resenha sobre seu magnífico livro: "Cliquei e vi surgir o rosto há mais de trinta anos conhecido. E um ensaio sobre meu livreco, escrito e publicado há mais de 20 anos. Li, emocionado, feliz, as palavras narrando a experiência da leitura. Um abraço e um gracias do Zé Onofre".

3. "Amei este lugar... vejo com clareza e liberdade o impulso da leiture em mim...a expressao em mim...mara vilha este lugar ...parece uma caverna de tesouros e misterios... amei este: o ultimo duelo, na verdade me fez chorar pois foi como ver um retrato de minha infancia e adolescencia...imensamente grato Eu Sou."
Adilson | 04.01.06 - 2:07 pm | # Sobre post O Último Duelo, que aborda o bom e velho jogo gol a gol.

4. "Sobre texto da série JK: Também sem Brizola, sem a Cadeia da Legalidade que ouviamos atentos no interior de São Paulo, o que é isso? estão brincando com os melhores momentos da nossa História,passam a borracha em tudo e reiventam um" novo passado" para que tenhamos sempre aquele "velho futuro"? Outubro neles! Parabéns pelo texto indignado, que sugere algo além do núcleo da falsa história do Brasil,sugere que já tivemos um Fio na História que podemos e devemos retomar um dia.Até lá..."
raquel | 04.01.06 - 1:09 am | #

5. "Caro Nei, já indiquei Outubro para minha filha. É sempre reconfortante voltar e voltar e voltar a vê-lo.Nossa indignação não tem limites, o grande jornalismo não se interessa mais pelo país e pelos brasileiros:plantam notícias absurdamente sem nenhum interesse como se fossem" Manchetes" decisivas para os rumos do país,tipo "Edmundo apronta mais uma das suas"!!???Pergunto: é essa a grande inquietação e angústia do brasileiro? Enfim,voltemos a Outubro e sua indicações. Ps: Suas observações sobre filmes são todas interessantes, mesmo que discordando dá vontade de ver de novo para atentar mais a detalhes que são abertos em seus textos. Se o jornalismo político está muito ruim, o crítico de cinema então nem se fala: ele simplesmente pontua... esse é bom,aquele voce não deve assistir, e por aí afora. Então voltemos a Outubro.Comovente as palavras sobre as primeiras palavras de um bebê,no caso sua neta. Parabéns aos dois!"
raquel | 04.01.06 - 12:40 am | #

6. "Não conhecia o trabalho do colega. Não conhecia o colega, confesso! Mas enquanto há vida, há! Dei contigo neste canto virtual e já adianto que vou voltar sempre". Gilberto Gonálves/ Homepage | 03.31.06 - 8:53 pm | #

7. "Sei lá por quê - mas bem de acordo com a estranha mania que tenho, de ler jornal de trás para a frente - li primeiro o Comunique-se de sexta-feira, e só agora me deparo com o de quinta. No primeiro (segundo?), reencontro Albino Castro Filho, queridíssimo colega de redação na Bloch. Neste, tenho a felicidade de saborear mais um delicioso texto de Nei Duclós, grande companheiro na precocemente falecida TV Guia, da Abril, também na década de 70. Sabem de uma coisa? Deus é muito bom comigo". Macedo Miranda Filho [01/04/2006 - 00:19]. (Diretor-Arte & Fato - RJ). Nota: postado no Comunique-se. Respondi que também tenho essa mania de ler de trás para frente e que deve ser a desconfianá profissional dos compulsivos do texto como nós: o fato de sempre o lead estar no pé.

8. "Fiquei sinceramente emocionado ao ler seu poema intitulado "Onde fica o coração". Como gaúcho, sabes que nosso peito pulsa juntamente com o coração da terra, com a força da terra que nos cava mapas na carne. Mas sabes, acima de tudo, que de nada adianta um compasso se a melodia que o permeia não for livre como ar, livre como vento que corta pampas e faz nós sermos o que somos. E então, temos sim de erguer nossas utopias em meio a esse rol de ideologias descabidas que nada fazem de nós. Pois, no dizer de Dante Ramón Ledesma, 'não me basta sonhar ser pássaro e acordar assoviando misérias'.Um forte abraço."Eduardo Frizzo.

8. "Camarada, Adorei o texto Véspera da Linguagem". Abs Paulo Paiva.

9. Esta frase..."Quem precisa de palavra quando o espírito é vasto e o amor rege nossas vidas fora dos esquemas poderosos que tentam nos esmagar com suas leis?" Me emocionei... Carla | Homepage | 04.02.06 - 1:55 pm | Disse para minha nora Carla Alonzo Duclós que essa é também minha frase favorita na crônica.

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