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5 de setembro de 2005
O RIO NÃO MORRE
"También se muere el mar" (Garcia Lorca)
"Aquele rio era um cão sem plumas" (João Cabral de Melo Neto)
Nei Duclós
Não se mata um rio
como não se enterra
um morro
Como a fogueira
não se põe no bolso
Como um leão
não pede socorro
Um rio terminal
é a soma da baba
do rebanho
viscoso no que tem
de sono
aéreo no que tem
de sonho
O mar recebe o rio
feito de escombros
O mar pode morrer
(Netuno exangue)
Não por obra do rio
que guarda o sopro
Envenenado talvez,
mas nunca morto
Um rio sobrevive
sem suas vertentes
Um rio pode seguir
sem ser corrente
Um rio não é a escama
de nenhum peixe
Ele será sempre o rio
da minha infância
O Uruguai antes
do saque
touro frente à lua
surra de gigante
Nesse rio sem fim
mora meu povo
Cobre de minuano ao frio
Charrua de invencível
lança
Não se mata um rio
O sol não cabe
numa estante
A eternidade acampou
e faz a ronda
RETORNO - O Brasil jogou o fino e ganhou de cinco a zero. O que irrita é o estádio em clima de programa de auditório. O hino sendo cantado por Daniela Mercury. A omissão das faixas de Fora, Lula. Parecia festa arranjada. Na internet, chovem denúncias e análises sobre o Brasil sem soberania em plena Semana da Pátria. Na mídia impressa, destaque para Mauro Santayana no Jornal do Brasil na edição do dia 4, domingo: "O principal dever do Estado - e, portanto, da política - é o de manter a soberania da comunidade nacional. Trata-se de luta permanente, constante, e com pesados sacrifícios. Como diziam os primeiros revolucionários da América Espanhola, hay que hacer patria. Se fazer pátria é agir assim, destruir a pátria é fazer o contrário. Quando os governos enfraquecem a comunidade nacional, passando ao controle estrangeiro setores estratégicos da economia, quando aceitam imposições dos mais fortes, e quando fecham o acesso de brasileiros a áreas do território acional, como está ocorrendo em algumas regiões indígenas, ao mesmo tempo em que o permitem a pesquisadores estrangeiros, estão, naturalmente, desfazendo a pátria".
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