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3 de outubro de 2004
SPARTACUS NA FARIA LIMA
Mônica Bergamo entrega todas na Folha. Gosto do tom impessoal que ela usa para transmitir informações de grande impacto. Neste domingo ela conta, na sua coluna na Ilustrada, como são selecionadas as moças brancas do sul do país para fazer carreira nas passarelas. O teste foi na Faria Lima, no restaurante do João Paulo Diniz, aquele do acidente na praia quando morreu uma modelo. Diniz foi dar uma olhada, diz Bergamo. Lembrei do filme Spartacus, com os romanos escolhendo escravos gladiadores, pelas aparências. Dizem as promoters do evento modelístico que em Goiânia vão escolher mulatas de olhos verdes. Então é assim? Somos reserva desse tipo de atividade? Todo mundo acha normal?
LIMBO - Hélcio Toth, que sempre faz comentários aqui, o que é uma raridade entre os leitores, me pergunta em quem votaria em Sampa. Graças a Deus votei hoje em trânsito, o limbo das eleições. Não votei portantro nem no serra, nem na marta, nem na erundina, nem no paulinho. Aqui em floripa també, como voto no limbo, não votei em assis, nem em dario, nem em grando , nem em eldpídio, nem em vavo, nem em basso. Fui, desta vez, dispensado do voto, apesar de ter cumprido minha obrigação, instado que fui não só pelo dever (sempre votei), mas também pela alocução majestosa de uma autoridade em rede nacional ontem, que nos sugeriu um minuto para nos desfazer do encargo, com todos os seus erres e esses, e óculos portentosos. Sempre fico admirado pelo ritual dos gestos do poder (e da mídia). Respeito, porque temo. Tenho medo de tudo, polícia, justiça, executivo e executantes. Mas que dá vontade de lembrar uma frase do Tarso de Castro, dá. Que dá vontade de ser realmente oposição, dá. Que dá vontade de sugerir cargo de vereador e de deputado sem remuneração, dá. Que dá vontade de citar um personagem que diz ser preferível franco atiradores do que franco-argentinos, dá. Mas cala-te boca que a legislação é rigorosa e já passei por mais esta. Se ficar mesmo por aqui, vou ter que transerir meu docmicílio. Seria a terceira vez. Mudei da domicilio eleitoral portoalegrense para o paulistano. Agora vamos ver. Portanto, Toth, não votaria em ninguém. Voto sempre no PDT, mas o PDT paulista está muito, muito ruim. Só dá fora.
CAPOEIRA - Numa fila de crianças, perguntam o que serão quando crescer. Lembrei do meu tempo de infância. Engenheiro, dizia um. Advogado, outro. Médico, muitos. Estrangeiro, disse, convicto. Mais tarde, disse escritor. Acertei nas duas vezes. Pois a tal fila só exibia dois tipos de profissões futuras: jogador de futebol e modelo. Todos querem fugir da miséria, do país insuportável, viajar para longe, ser independente na loteria das passarelas, trançando pernas para cá e lá e fazendo papel de cabide de roupas que ninguém usa, são só para exibir e embalar as crianças que passam de um lado para outro. É triste verificar que esse tipo de atividade se espalha impunemente, decidindo vocações e de quebra, frustrações, pois só poucos conseguem sucesso nesse tipo de carreira. Descubro também que pensam em transformar o ensino de capoeira em matéria obrigatória nas escolas. Sugiro que façam outra coisa. Que tragam de volta o ensino de música, não apenas de dança ou as melodias capoeirísticas. Por que exatamente capoeira? Até onde isso vai parar? Não gosto desse tipo de imposição. Cantorias monocórdias e representação da violência, isso é capoeira.
ZÉ GOMES- Soube por Walter Araujo, antigo colega da Tribuna de Vitória que o Viola, Minha Viola (programa apresentado por Inesita Barroso na TV Cultura-SP) com o Zé Gomes cantando No Mar, veremos, já foi ao ar. E eu, que sou o autor do poema musicado pelo grande Zé, nem vi! Alguém gravou? Podem me enviar?
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