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3 de junho de 2004

CORRESPONDENTES DE GUERRA


O que se passa no Haiti? Segundo primorosa matéria do Estadão, é um lugar de droga e armas pesadas na mão de guerrilheiros juvenis (os quimeras), lugar onde os americanos fazem seu clássico jogo policial. Mas segundo a Folha, é um lugar que joga lixo no mar e se continuar assim fará "uma ponte de lixo até Cuba"; é um lugar que produz crianças negras para serem adotadas por casais do Primeiro Mundo e onde todo esforço civilizatório é em vão, já que a população está acostumada a pedir e até mesmo uma criança de tres anos sabe que pertence a um povo sem auto-estima. É o que dizem as matérias do correspondente da Folha

IMPRESSIONANTE - Um brasileiro que esteve no Haiti diz que ficou "impressionado" com a miséria do país. Ele vive, claro, nos guetos multimilionários do Brasil, nem sabe que existe pobreza por aqui. Uma hipótese que a imprensa não levantou deveria ser considerada. Longe de mim desejar desgraças aos nossos soldados da paz por lá, mas alguém imaginou (ou sequer citou) se começarem a chegar caixões de brasileiros, vítimas da guerra que se estabeleceu no Haiti? Outra possibilidade é o Brasil se meter numa enrascada sem fim, como a Itália no Iraque, de onde não conseguirá sair tão fácil nem tão cedo. Uma possibilidade de conflito é com as tropas argentinas e uruguaias, que estão vai-não-vai e o motivo é óbvio, não admitem serem comandadas pelo Brasil (além disso, nesses países existe oposição de verdade, e não este arremedo que há por aqui). Os hispânicos da América espanhola nos têm em alta conta. Nos temem e fazem de tudo para nos enfrentar com galhardia. Depois que quase nos estabelecemos para sempre na bacia do Prata, depois que arrasamos o Paraguai e tomamos o filé da América do Sul, os países irmãos se ressentem da nossa hegemonia. Serem liderados pelas forças armadas brasileiras lá? Pode ser, mas será motivo de conflito. E o pior poderá acontecer: e se esse monstro do Bush decidir invadir Cuba para, digamos, democratizá-la com seu arsenal de torturadores? Estaremos no miolo da guerra, graças à fraqueza do nosso presidente, que ficou emocionado na despedida dos soldados que partiram para o Haiti. Espero que não chore se der algum erro, que Deus nos livre.

CHINA - Vejam o que China significa para o Brasil: pirataria, contrabando, corrupção e arrogância. Essa é a via proposta pela atual governo como a grande saída, a salvação da lavoura. Enquanto contrabandistas chineses escoam os falsos produtos chineses (e por isso devem ser encarados pelo governo deles como os piratas da Inglaterra, que viravam "sir" pelas mãos da rainha)fechamos os olhos. os brasileiros, descapitalizados e desesperados,atiram-se às porcarias chjinesas, que brincam com a ilusão das griffes falsificadas e enchem o país de porcarias sem fim. Tudo apadrinhado por uma máfia selvagem. Diz a imprensa que o PT negociou o salário-mínimo com os agricultores abonados. Entram os 260 merrecas/mês em troca da liberação dos transgênicos. O que mais se fala nas relações internacionais é como abriremos mais as pernas para os estrangeiros e como vamos atrair os chamados investimentos, essa montanha de dólares que chegam virtualmente e nos tiram o couro concretamente. Acho que o país não deveria exportar carne, por exemplo. Deveria retaliar cada quilo e vender a um real em todo o país. Daria mais lucro, tenho certeza, e alimentaria de proteínas a população. Deveríamos distribuir a carne que produzirmos, plantar muito trigo para baratear o pão e as massas, não enviar soldados para país estrangeiro nenhum, fortalecer a Amazônia, sanear todas as cidades, construir habitação para todos. Para isso não precisaria terceirizar nada, bastaria colocar a mão de obra brasileira, bem remunerada, a funcionar que sai milagres. Mas aqui não se acredita no país nem no povo e prefere-se enviar nossos produtos para fora das fronteiras em troca de papel pintado (divisas um bom cacete). Nem Haiti, nem China. Vejam como esse estadista, o Kirchner, faz: banana para os credores, tudo para o povo argentino. É por isso que está sendo acusado pela imprensa vendida brasileira de populista. Populismo é o xingamento maior de quem perdeu a soberania.

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