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15 de janeiro de 2004

UM AMIGO DA PRIMEIRA INFÂNCIA

O Ano do Livro começa animado e me toma todos os minutos do dia. Minha função é ajudar a viabilizar a publicação de autores dentro e fora das fronteiras. No mesmo embalo, tenho aqui repassado textos que me enviam, para compartilhar o que se passa na cabeça alheia e conectar com memórias e depoimentos de pessoas que estavam perdidas nesse mundão de Deus e que, graças à Internet, chegam para lembrar-nos de onde viemos e de que tipo de material humano somos feitos. Hoje, coloco neste espaço uma surpreendente carta de alguém que foi meu colega nos primeiros anos do primário e com o qual só agora retomo contato.


CARTA DO BRASIL PROFUINDO - "Oi Nei. Desculpe a demora para encontrar em contato com você, mas ontem foi que vi seu recado no portaluruguaiana. Talvez você não lembre mais de mim. Sou Lino Antonio Ulharuso, estudamos juntos no Romaguera Corrêa, éramos muito amigos, sempre ia a sua casa para estudarmos. Estudei com voce até o segundo ano, depois fui para o Reingantz, não sei se você lembra, ficava perto do hospital de caridade. Lembro bem de seus pais, eram gente finissima. Depois que fui estudar em outra escola nos afastamos. Lembro muito de quando faziamos bagunça na aula dona Eva, mandava chamar o Iris (na época prefeito). Ele chegava na janela de nossa sala que ficava na lateral da prefeitura e com aquele vozeirão dele, davanos bronca então ficavamos calados."

ANDANÇAS - "Saí de Uruguaiana em 67 fui morar no Rio, depois joguei futebol na Venezuela, acabei deixando o futebol devido às decepções. Em 1970 fui trabalhar em Recife, me casei por lá morei 23 anos, estou aqui em Brasília desde 1993. Tenho uma filha que vai fazer 19 anos em fevereiro. Hoje trabalho no Comando da Aeronáutica
( sou funcionário civil). Voce é o único de nossa turma do Romaguera que
lembro, pois eramos muito amigos. Não sei se voce lembra de mais alguém
daquela época. Ha 15 anos que não ia a nossa terrinha, estive em março 2003,
gostei muito do que vi, a cidade mais bonita, inúmeros prédios. Meus pais
moravam na Barão do Triunfo (hoje Iris Valls), não sei se você lembra do Palma
(fotógrafo) minha casa ficava ao lado da dele. Minha mãe ainda mora lá.
Que legal que temos um Uruguaianense militando na imprensa. Olha, às vezes
vou a Sampa tenho uma cunhada que mora aí. Soube que o Cabeto Bastos estava morando em Sampa, agora quando estive na terrinha perguntei pelo mesmo e me deram essa informação. Por acaso você sabe onde anda o gordo Jorge?"

FAMÍLIA - "Você me parece que tinha outros irmãos, tem alguem de sua familia morando ainda em Uruguaiana? Que ano você saiu de lá? Quando for a Sampa irei lhe procurar para batermos um papo, pode ser? Nei vou encerrando está com grande alegria em poder manter contato contigo depois de mais de 45 anos, é tão bom a gente poder contatar com amigos que nos foram tão caros na infância. Esatei aguardando sua resposta. Um grande prazer e aquele abraço do amigo. Lino

RETORNO - Meu bom amigo Lino faz assim uma ponte maravilhosa entre o Mundo Perdido e o século 21. Como posso agradecer a ele? Respondendo que fiquei feliz em saber de suas andanças e dizer que, infelizmente, tenho apenas meus pais, irmã e tias lá, mas morando no Outro Lado. Quando estive em Uruguaiana, todos me perguntaram sobre minha família. Meus pais, muito queridos, deixaram sua marca na cidade encantada, e jamais serão esquecidos. Obrigado, Lino, colega do Grupo Esacolar Romaguera Correa (o grande dicionarista do pampa), que estava instalado num prédio - hoje patrimônio histórico e que abriga a Prefeitura Municipal. Cabeto Bastos era nosso colega e mora em São Paulo, onde trabalha na empresa da família dele, o Grupo Ipiranga. Pois pouca gente sabe que o petróleo no Brasil começou em Uruguaiana e não na Bahia. Assunto para outras edições.

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