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20 de dezembro de 2003

AVENTURA COM FINAL FELIZ


A libertação de Trolé desencadeou uma série de acontecimentos que culminaram com uma tropa de blogueiros invadindo a cobertura de Mr. Toth e seu fiel Radoc. O final dessa história de Natal, que me foi soprada via e-mail pelo Editor da Fronteira, encerra a segunda fase do Diário da Fonte. Podemos voltar a qualquer instante.

CERCO E INVASÃO - “Gim Tones tinha me informado que descobrira um furo na aparente carcaça de Mr. Toth: ele se deixava dominar pelas imagens. Era um vício, não conseguia se desprender delas. Por isso tinha inventado um clone, para fazer o serviço sujo, enquanto babava em frente das reproduções gigantescas de fotos do Hélcio. Adelino Nazario, que é do ramo, propôs que se fizesse imediatamente uma invasão na cobertura, inundando o cientista maluco com as mais variadas fotos de São Paulo e do povo brasileiro, pois ele fatalmente iria sucumbir diante da imensidão daquelas imagens cheias de luz. Pois Mr. Toth odiava cores, gostava mesmo era do sépia, nem o preto e branco suportava. Por isso mantinha Radoc grudado na parede, assim as fotos de Helcio ganhavam um tom amarronzado insuportável.
Decidimos pegar carona até o prédio sinistro no carro de Ms. Agrella, que dera falta de Hélcio e não entendia porque não respondia aos seus telefonemas. Sabedora da tragédia, encheu o bagageiro com suas fotos fantásticas de Sampa e das estradas por onde andou. Nazario levou sua seqüência sobre o Copan. Eu decidi levar algumas fotos clássicas de Marcelo Min, pois imaginava que poderia atrair o grande fotógrafo de dentro da criatura do Mal com suas próprias imagens. Chegamos lá e vimos o prédio todo coberto de luzes em cores que variava do azeite escuro ao roxo vivo. Radoc!, pensei, pois sabia que aquilo era manifestação do Inominável. Ele estava brincando de Papai Noel, talvez para obedecer Mr. Toth e atrair gente para o covil, se bem que essa não fosse sua verdadeira natureza. Tiramos a muamba fotográfica de dentro do carro e subimos as escadas, que despencavam corrimões e degraus com aquele tropel de gente. A porta, como sempre estava aberta. Ms. Agrella desenrolou logo sua foto sobre o centro de Sampa, onde prédios antigos pontificavam sobre um céu azul, além de fotos de parques e de gente e foi jogando em cima da criatura. Mas essa era um clone e não atendia a estímulos externos. Adelino não teve dúvida e desferiu uma porrada no falso cientista, que ainda estava debruçado sobre a perna indecifrável de um inseto. Era o que pensava: o clone era apenas de papelão e tinha sido posto lá para impressionar os visitantes. Mr. Toth não tinha poder de clonar nada nem ninguém. Descobriram o covarde dentro do armário, já cobrindo os olhos com a luz que vinha das reproduções coloridas de Adelino e Agrella.
- Sai daí, peste, gritou Adelino, dando-lhe um safanão.
Radoc interviu transformando-se numa gosma e atirou-se às fotos para que elas perdessem o brilho. Era o fim? Gim Tones então lembrou-se que outra coisa insuportável para Mr. Toth era a literatura. Começou a recitar suas Memórias Póstumas aos gritos, e quanto mais avançava no ritmo, mais Mr. Toth se desmanchava. E ele parecia sumir numa fumaça escura, de onde vislumbravam-se duas silhuetas bastante conhecidas.
Eram Hélcio e Min, exaustos de ficarem naquele calabouço. Gim deu um safanão e tirou Min da fumaça, mas não se cumprimentaram. Algo havia entre eles. Hélcio caiu nos braços de Mrs. Agrella. Ouviu-se então um estrondo e todos saíram correndo escada abaixo. Lá fora, um grupo de demolidores preparavam-se para a ação:
- Vamos explodir essa porra, disse o chefe dos operários.
- Por quê? perguntou o incansável repórter Gim.
- Porque é Natal, caralho!
Antes da bomba explodir, chegou Trolé com Anabela na garupa. E mais o trio de especialistas, Daniduc, Pablo e RBP.
- Uma coisa eu não entendi, perguntou Gim. Se Mr. Toth sabia que a Internet tinha fim, porque ficou perdido quando vocês colocaram a moto lá?
- Ele sabia e queria usar isso para fazer sua maluquice, colocar todo o conteúdo da Internet na cabeça de um alfinete, numa espécie de anti-big-bang, explicou Pablo. Mas é um covarde e não chegava lá nunca, porque também sabia que não poderia dominar nada num lugar como esse, que parece plausível, mas é uma bobagem, pois nenhum site é um beco sem saída. Internet é a liberdade.
O trio bateu mutuamente as mãos espalmadas, contentes com a resposta de Pablo. Gim olhou desconfiado:
- Acho que vou moer vocês com novas perguntas.
- Pelo ICQ, disse RBP. Pelo ICQ.
O prédio então explodiu e uma grande fumaça de todas as cores levantou vôo na noite gloriosa de dezembro. Ouvia-se ao longe o segundo movimento da Sétima Sinfonia de Beethoven. Era a audição especial de Natal no Pátio do Colégio capitaneada pelo DJ Cabeça, que na seqüência colocaria o rock dos rocks, Satisfaction.
E foi com essa trilha sonora que Hélcio Toth pegou a magrela, acompanhando o carro de Mrs. Agrella, com quem trocava gentilezas:
- Não vai fotografar melhor do que eu, hem!
- Isso vamos ver, dizia ela, rindo.
Era o amor. Ainda pude ver a cena maravilhosa em que os três especialistas entregaram um lap-top para Trolé presentear sua namorada no Natal:
- Estava sobrando lá no reduto de Mr. Speed. Pega aí.
Trolé roncou a moto e fez continência para todos. Tinha uma ceia a cumprir.
Ainda fiquei por ali, escutando o som do DJ Cabeça. Amava aquela cidade para caralho. São 450 anos de vida! E os amigos eram o oásis do real.
Depois me dirigi para o aeroporto. Vou pegar um avião e um ônibus para Uruguaiana, pois tenho um churrasco marcado no Bar do Funcho.”

RETORNO - E assim termina nossa história de Natal. Quem souber que conte outra. Boas festas para todos.
Notas importantes: Gim Tones e Adelino Nazario fazem parte dos redutos sagrados de Fabio Murakawa (http://gimtones.blogger.com.br/). Aparecem aqui sem cerimônia porque esta é uma homenagem aos amigos; o site Espinha continua firme e forte, assim como o Fotogarrafa; Regina Agrella é a responsável pelo Fotoblog; o Gulib é um grupo que atua no Cybershark; já Trolé ainda não tem blog, mas pelo andar da carruagem, logo logo vai ter um; e Anabel gostou de ser rebatizada de Anabela, um erro de digitação do Editor da Fronteira que acabou dando certo.
Gulib informa: "Li agora o relato do resgate de Trolé conforme visto pelo El Gran Terceirizador e como testemunha-participante tenho que dizer que as coisas foram mais ou menos desse jeito mesmo, embora tenha que realizar algumas explanações orientadas pra os tecno-geeks, ja que El Gran, mais afeito as artes literárias passou bem a emoção da perigosa situação, porém talvez os escovadores de bits apreciem alguns apartes. errêbepe, também conhecido como el coordenador devido ao seu duvidoso passado na temivel "FIRMA" que a principio se passava por bondosa organização pró linux e no final se revelou apenas outro plano de dominação (fonte para toda uma nova história) lembraria, embora não me tenha dito nada, que seu login não é grafado em caixa alta (RBP) e sim em letras minúsculas (rbp), ja que na matriz-linux as maiúsculas se diferenciam das minúsculas. Quem diria que habitamos um lugar onde A não é a. Apenas como curiosidade, o contato se deu com El Gran Editor de la Frontera via ICQ para ele, mas nós gulibenhos usávamos na verdade o transporte jabber para ICQ, evidamente encriptado com GPG, já que o segredo era naquele momento vital para o sucesso da missão!Aproveito para contar para os preocupados que não só não cumprimos o prometido de fazer upload dos milhares de endereços de possíveis infelizes de presunto enlatado (SPAM é também presunto enlatado, sabia não? http://www.spam.com/>) como ainda por cima deixamos como despedida para a horde de provedores-bots uma instância de bogofilter. rere, isso deve atrasá-los um pouco. De resto, que mais? Foi bem assim mesmo que se deu a coisa, e estou muito feliz que a historia tenha sido relatada tão fielmente. Espero ansioso a oportunidade para novamente dizer "tu por aqui?"Grande abraço. daniduc "

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