VIAGEM
Nei Duclós
Perdidos
pegamos as mochilas
e a vida nos fez visita
Batemos no ombro da madrugada
e ela espreguiçou-se pelo mundo
com o brilho pequeno
de quem se acaba
Nos lançou beijos cor de barro
e morreu depois de puxar o sol pelos cabelos
Chegamos nos caminhões de estrada
com apertos de mão e de palavras
à procura de um vôo
suado e sem retorno
Chegamos sempre ao anoitecer
quando as cidades se armam
com feras de aços e chapas brancas
com chaves que fecham portas de ferro
O futuro nos saudou
mas o passado
sujou nossos abraços
Voltamos sepultados
Estávamos a um passo
da liberdade
(Do livro Outubro, 1975, IEL/RS-A Nação)
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