Nei Duclós
Cortar o nó do poema
com força e delicadeza
para que todos aprendam
antes que a noite aconteça
Armá-lo como um guerreiro
dos pés até os dentes
e que saibam de longe
por quem está combatendo
Para que o povo o suspenda
nos ombros, como um eleito
e seja seu companheiro
na vitória e na falência
Deixar que fale alto
sem vizinhos que o repreendam
e corra pelas sarjetas
como automóvel sem freios
Que não esconda a violência
nem tenha voz de inocente
e seja um duro instrumento
com ataques de surpresa
Soltar o poema
e desvendar seu segredo
para que o mundo o receba
(Do Livo, Outubro, IEL/RS/A Nação, 1975)
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